Sinopse: Pode dizer-se que o mito faz parte da História, mas não é História. E como tal pouco ou nada contribui para responder à dupla questão – Quem foi Pombal? Qual o significado da sua ação política? – se bem que incite à reflexão sobre o significado histórico da génese do mito e da sua permanência. A presente obra explora as várias facetas míticas de Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, como a visão liberal e supostamente maçónica de Pombal, como paladino das ideologias socio-políticas mais avançadas do presente, e que fica brutalmente desmitificada por essa outra imagem do “déspota” Pombal, “mestre do terror, da tirania e da opressão”.
“[…] estamos perante um livro polémico e corajoso que analisa e desentranha a formação de um mito a que subjazem muitos outros, que hoje se podem abordar com um respeito e serenidade difíceis ou impossíveis no século XIX, face ao que então se disse e escreveu. Um livro que vem enriquecer a já rica bibliografia crítica que se começou a produzir em torno da figura de Pombal por ocasião do bicentenário da sua morte e daquele magno Congresso Internacional, “Pombal revisitado”, coordenado por Maria Helena Carvalho dos Santos, e em que tive o privilégio de poder participar e aproximar-me da rica personalidade, sempre sugestiva e sedutora, de um Pombal que paradoxalmente se quis ver e enaltecer só através de uma das suas faces, precisamente a mais controversa e negativa à luz da História.”
José A. Ferrer Benimeli
Universidade de Saragoça
“Ao longo destas páginas fica bem patente o carácter acrítico e ideológico com que a figura e ação de Pombal tem sido retratada. Palavras de louvor e de repúdio traduzem o confronto ideológico que, na altura, dividia a sociedade portuguesa e que ainda hoje se reflete em escritos de diversa índole e de modos de ver que indiciam a permanência de tensões que se julgariam ultrapassadas e que apontam para a inserção do mito na longa duração. Fruto de determinada mentalidade ideologicamente conotada, mantém uma perenidade dificilmente previsível. Chega-se assim, por esta via, a uma aparente contradição: o mito não é História, mas situa-se na longa duração da História. Diz-se aparente o que na realidade não é. O mito não tem as características da História, quer de sentido positivista, quer de sentido crítico. Contudo, nem por isso deixa de ser um fenómeno histórico, não no seu conteúdo conceptual, mas na sua emergência no tempo e no lugar.”
Zília Osório de Castro
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
SOBRE OS AUTORES
Annabela Rita Doutorada em Literatura Portuguesa e Agregada em Literatura, é professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Integrou a MRPB – Missão para o Relatório sobre o Processo de Bolonha (2003-04) e foi Conselheira para a Igualdade de Oportunidades do MCTES. Presidente das Direções do CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidad de Lisboa) [2002-2012] e da APT – Associação Portuguesa de Tradutores [2007-2013]. Presidente do Conselho Consultivo da COMPARES-International Society for Iberian-Slavonic Studies [2013], Vice-Presidente do Conselho Científico do IECCPMA (Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes), Administradora do OLP (Observatório da Língua Portuguesa) [2008 ss.], integrou a Direção do CNT (Conselho Nacional da Tradução) [2011] e integra os Conselhos Consultivos/Científicos da Fundação Marquês de Pombal, do ICEA (Instituto de Cultura Europeia e Atlântica), do MIL (Movimento Internacional Lusófono) e do Observatório Político, a Mesa da Assembleia Geral da APE (Associação Portuguesa de Escritores). É Coordenadora do Grupo 4 do CLEPUL e de um projeto do CECLU (Centro de Estudos de Culturas Lusófonas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL), etc. É membro de instituições como a ABRAFIL (Academia Brasileira de Filologia), Clube dos Embaixadores da Costa do Estoril, Sociedade de Geografia de Lisboa, Sociedade Portuguesa de Autores, etc. José Eduardo Franco José Eduardo Franco é atualmente o Diretor-adjunto do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Doutorou-se na EHESS de Paris na especialidade de História e Civilizações. Tem-se destacado como autor e coordenador de vários projetos de investigação nos domínios das Ciências Sociais e Humanas, entre os quais, o Dicionário Histórico das Ordens, a Obra Completa do Padre Manuel Antunes em 14 volumes e o projeto de levantamento da documentação portuguesa patente no Arquivo Secreto do Vaticano. Tem em curso, entre outros projetos, a preparação do Dicionário dos Antis: A cultura portuguesa em negativo e o Dicionário Histórico-Crítico das Heresias; e codirige, com Pedro Calafate, o projeto de edição da Obra Completa do Padre António Vieira em 30 volumes e do Dicionário Padre António Vieira, sob a égide da Reitoria da Universidade de Lisboa.